CONSEQUÊNCIAS DA SECA EM COLATINA E REGIÃO NO FINAL DOS ANOS 80

Em 1989, o município de Colatina, como as demais localidades do Norte do Estado, corria o risco de ficar sem o seu "café com leite" se, até 1995, não fosse feito um trabalho conscientizando o agricultor das formas de manejo da terra e dando-lhe condições para isto. A cada dia que passava, a agricultura e a pecuária estavam sendo diretamente atingidas tanto pelo rigor do clima quanto pelo desestimulo do homem do campo, que não investia mais.


Foi esta a previsão do supervisor geral da Emater em Colatina, na época, Jainer José Mendonça, alertando para o fato de que o município, constatou uma queda na produção de 30% em relação a 1988. A falta de estimulo enfrentado ao deparar-se, em seu dia-a-dia, com a falta de uma política agrícola definida, acabava fazendo com que o produtor rural desanimasse das lavouras.

A seca que assolava a região no final dos anos 80, provocava também queda na produção do leite em torno de 70%.

A agricultura de subsistência também tinha sido afetada pela seca e pela falta de investimentos. A seca que assolava o Norte Capixaba há três anos, e vinha contribuindo para a desertificação da agricultura em diversos municípios, como é o caso de Colatina. Devido à prolongada estiagem, um grande número de córregos vinha diminuindo a vazão e inviabilizando até mesmo a irrigação nas poucas propriedades rurais que a possuíam. Além disto, o produtor rural sofria com a falta de incentivos governamentais, adicionando, desta forma, mais um problema ao seu drama.

Dos quatro mil produtores rurais, entre os quais dois mil cafeicultores, na época, encontravam- se desestimulados a permanecer no meio rural. Era crescente o número de meeiros e pequenos proprietários rurais que estavam abandonando o campo em busca de moradias em bairros periféricos da cidade, ou na tentativa de conseguirem alternativas em outros Estados. Várias famílias do campo se mudaram para outros Estados em busca de melhoria de vida. Locais como Rondônia e Mato Grosso já se tornavam destino do fluxo migratório dos produtores rurais de Colatina.

Mais de 2 mil pessoas a se deslocaram para Rondônia em 1989. Foi a descapitalização que o agricultor sofreu nos últimos anos. As pessoas acabaram optando por investir na pecuária, do que continuar a trabalhar com suas lavouras. O próprio produtor rural, para ele, era o grande culpado da situação dramática em que vivia porque, conforme assinalou, foi através da falta de manejo da terra e dos constantes desmatamentos que a situação se agravou.

Nem mesmo a colheita de café impediu que o movimento do comércio experimentasse uma queda de 20%. As causas, estavam diretamente relacionadas ao baixo poder aquisitivo da população que, mesmo diante das mais diversas promoções que o comércio oferecia, não efetuava compras.


Colatina em 1989, possuía aproximadamente 400 estabelecimentos comerciais, os quais sempre experimentavam um pique em seu movimento na época da colheita do café. No período da colheita do café, que tanto, trabalhadores temporários, quanto meeiros e pequenos proprietários rurais aqueciam o mercado, através de compras com o dinheiro obtido no campo. No entanto naquele ano difícil isso não ocorreu.

Para compensar a queda experimentada pelo setor do comércio de Colatina, os lojistas faziam promoções em suas vitrines, que chegavam até a 50% de desconto. Todavia, nem mesmo todas as vantagens anunciadas por eles, como a aquisição de mercadorias em quatro vezes sem juros, ou em três vezes sem entrada, teria sido suficiente para atrair o consumidor.

Fonte: Jornal A Gazeta de 1989

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