EM 1902 CHEGA AO MUNICÍPIO OS LIBANESES DA FAMÍLIA DALLA


Dentre os Libaneses que vieram para Colatina no início deste século, um deles foi o pai do ex-senador Moacir Dalla, Jacob Dalla, que veio para Colatina com seu irmão, João Dalla, em 1902, para tentar construir suas vidas, já que ambos eram solteiros. A primeira morada foi em Barracão de Baunilha, onde foram lavradores e comerciantes, que naquela época eram chamados de mascates. Jacob foi também pedreiro, não apenas por vocação, mas, também, para construir para a própria família. 
Jacob Dalla, segundo relato de seu filho Moacir Dalla, veio para Vila de Colatina por volta de 1920 e construiu o prédio onde encontrava-se a Casa Tigre. Ali mesmo ele morreu, em 14 de julho de 1938. Apesar de ser libanês, Jacob casou-se com uma mulher de sangue italiano: Maria ("Maneta") Mourone Dalla, também chamada de "Mama", natural de Trento. O ex-senador Moacir Dalla só conseguiu recordar os nomes dos avós maternos, que foram Pedro Mourone e Luíza Zanquetti. O avô materno morreu em 1914, vítima de epidemia de febre amarela, quando morava em Baunilha. 
O casal Jacob/Marieta teve 14 filhos, muitos já falecidos: Marta, João, Adelaide, Rosa, Elias, Emília, Eulália, Maria, Jacob Filho, Michel, Nair, Jéferson, Mirtes e Moacir, este último o ex-senador, com 60 anos na época da reportagem em 1989, era o mais novo da família. Todos os membros da família Dalla tiveram vocação para o comércio e a pecuária, sendo que o único que se destacou como Político foi Moacir, que foi deputado estadual, deputado federal e senador, quando, inclusive, foi presidente do congresso, além de ter exercido cargo político como secretário de Interior do Estado. Outro filho de Jacob, João, foi juiz de paz quando este cargo era preenchido através de voto popular.


Segundo revelações de Moacir Dalla, seus pais foram proprietários de grandes áreas de terras em Colatina, que abrangiam toda a extensão dos locais onde estão hoje os bairros Moacir Brotas e Perpétuo Socorro, além de parte do Bairro Operários. Até mesmo a área onde está hoje o hospital São José, ex-Colégio da Irmãs, pertenceu a sua família. Seu pai desenvolveu nessa propriedade a pecuária e o comércio de carne e secos e molhados e, na cidade, armarinho e lojas de tecidos e outros artigos de uso pessoal. Moacir Dalla lembra que, muitas vezes, quando a propriedade da família, no bairro Perpétuo Socorro, estava muito seca para o pasto de gado, ele próprio levava os animais para um pasto arrendado que se localizava numa propriedade existente no bairro Maria das Graças. Uma curiosidade, também de sua juventude, era seu intenso trabalho desenvolvido entre os 13 e 15 anos de idade, quando comprava cabritos e carneiros no interior para vender a carne desses animais na cidade. Para fazer esse trabalho, muitas vezes buscava a ajuda de um outro libanês da sua época, um vendedor de frutas chamado Salomão Gabriel. Moacir Dalla chegou, inclusive, a trazer para a cidade, numa determinada vez, cerca de 300 cabritos para vender. 
Outra atividade do ex-senador em sua juventude era vender leite na cidade, em "picuá", que trazia da propriedade do pai, que era no local onde hoje é o bairro Perpétuo Socorro. Explica Moacir Dalla que "picuá" era um pano com vários bolsos, onde os litros cheios de leite eram encaixados para facilitar o transporte e venda do produto. 
O lazer para a família Dalla e demais membros da Colônia Libanesa em Colatina eram os bailes do Clube Recreativo, principalmente o carnaval, de que todos gostavam. E, também, o futebol, sendo destacados pelo ex-senador as equipes do Colatinense, Balança Mas Não Cai, Uacec e Cruzeiro, todos estes times da cidade que levavam muitos torcedores para o estádio. As festas da Igreja também eram muito apreciadas, sendo que os libaneses assistiam, prmcipalmente, as missas celebradas por padres maronistas, que vinham do Líbano especialmente para fazer a celebração aos patrícios nos próprios templos católicos da cidade, uma vez que o culto tinha muita semelhança com o da Igreja Católica. 
De acordo com Moacir Dalla, uma das características sírio-libanesas era a cordialidade, "as portas abertas para todos, a mesa farta e muita união entre os patrícios". 
Entre o libaneses de sua época de juventude, Dalla citou os nomes de Bacará, Schauba, Afonso Murad, Sile e Zaca, além de Salomão Gabriel, que era um vendedor de frutas da cidade.


Fonte: Revista Nossa 1989  

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