O VAPOR JUPARANÃ

 
Um texto postado na internet (colatinabr.blogspot.com.br) por Julia Vieira em 20/07/2011 informa que “em 1832 começou a navegação no Rio Doce, com os vapores”. Embarcações diversas, como o Tupi, o Tamoio e outras chegaram a deslizar pelo rio Doce, fazendo a ligação com o norte. No entanto, navegaram pouco tempo, pois “em 1927, foi adquirido e inaugurado pelo governador Florentino Avidos, o mais famoso desses barcos, muitas vezes chamados de gaiolas [...]: o Juparanã”, afirma a professora Maria Lúcia em seu livro. Segundo ela, “nos albores do século XX, havia firmas organizadas navegando o rio Doce”. Sobre as embarcações Tupi e Tamoio, José Tristão informa que há algum tempo ainda se via, “nos barrancos de areia, em Colatina, numa ilhota abaixo da ponte Florentino Avidos, o esqueleto do vapor Tamoio, ali deixado por ter transportado dezenas de portadores de varíola preta (bexiga) que ameaçava contaminar as populações. Sepultado, também, nos bancos de areias, ali perto, está o vapor Tupi, que, como todos os barcos movidos a caldeiras (lenha), teve o trágico fim: o fundo do rio”.

Quanto ao Juparanã, “submergiu sob o peso das correntezas, tendo por testemunha a garotada vadia, que assomava a sua chaminé como se fora um trampolim parasaltos e mergulhos [...]. Melancólico fim, inglório epitáfio para uma embarcação que por mais de cinco décadas prestou relevantes serviços às populações ribeirinhas [...]”, comenta Tristão. Quando em plena atividade, a navegação era algo trivial ao dia a dia dos habitantes da época, conforme relata a professora Maria Lúcia, com base em anotações e impressões de um turista espanhol chamado José Casais, sobre a viagem que este fez pelo Rio Doce no Juparanã: “O Juparanã, encostado ao barranco (em Colatina), espera o momento de partir. É o vapor que faz a navegação entre Colatina e Regência. É o único e pertence ao Estado, fazendo o trajeto duas vezes por semana: uma viagem de ida e outra de volta. Às 8 horas da manhã, a sirena dá o último aviso. Subiram a bordo os passageiros, Casais entre eles, e alguns caçadores. Ao sair, o barco não desperta a curiosidade de ninguém em Colatina, pois é fato comum para todos”.
Ainda conforme a mesma fonte, encontramos outras preciosas informações no texto de Maria Lúcia: “Durante o percurso, o vapor parava muitas vezes perto de algum barranco onde havia uma bandeira branca, sinal certo que indicava a presença de passageiros ou cargas. Outras vezes parava para se abastecer de lenha que alimentava a caldeira e fazia girar as grandes rodas rodas em forma de pás que moviam o barco. Em Linhares, atracava tanto na margem esquerda, no porto calçado de pedras, como na antiga Goitacases, na margem direita.[...] O Juparanã tinha dois andares: na parte de cima havia ‘camarotes pequenos, mas confortáveis’, um bar repleto de bebidas e serviam boas refeições. Pelas palavras de Casais, calculamos que levaram dois dias e meio, de Colatina a Regência. Acreditamos que a passagem do barco por todo o curso, Colatina para baixo do rio, devia ser uma festa para os moradores, pois trazia novos habitantes, amigos, parentes, conhecidos, mercadorias necessárias e notícias.”

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