AIDS O MAL DO SÉCULO 1988


O renomado bioquímico de Colatina, Dr. Joel de Castro Ribeiro, continuava se aperfeiçoando nos grandes centros médicos do País e modernizando cada vez mais o seu laboratório com equipamento computadorizados e um sistema de exames dos mais aperfeiçoados do Estado no ano 1988. 

 Em 1988, Dr. Joel esteve participando em Belo Horizonte do XIV Congresso Brasileiro de Análises Clínicas e de um congresso médico patrocinado pelo Ministério da Saúde, em São Paulo. Neste último, ele ficou uma semana aperfeiçoando seus conhecimentos sobre doenças sexualmente transmissíveis e novas técnicas para o teste HIV (AIDS), na USP - Universidade de São Paulo. 



                                                                          AIDS 

 Em entrevista exclusiva à revista "Nossa" na época, Dr. Joel deu importantes informações sobre o "mal do século" - a AIDS, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Em sua introdução, ele disse que a doença é causada por um retrovirus, provavelmente resultado de uma nova infecção dos seres humanos- iniciada na Africa Central em meados dos anos 50. A partir da África, começou a disseminação através do Caribe para os Estados Unidos e Europa e, posteriormente,chegou ao Brasil, onde já atingia indices assustadores, principalmente nas grandes capitais. 
Uma curiosidade importante para os leigos é que, conforme explicou o laboratorista, "assim como os outros retrovirus, este também tem o seu material genético constituído por RNA (ácido ribonucléico) e possui a característica de ficar no organismo por vários anos sem se manifestar, sem causar nenhum efeito". Essa falta de manifestação do vírus, na linguagem laboratorial, indica que ele está "hibernando". 

                               


Continuando sua entrevista, Dr. Joel citou alguns fatos que muitos já conheciam e outros mais restritos, como veremos a seguir. A AIDS, até o momento, não tem cura; é fatal. Sua transmissão acontece por meio de líquidos produzidos pelo corpo, principalmente o esperma, secreção vaginal, leite materno e sangue. Na época os principais grupos de risco conhecidos atualmente são os homossexuais, hemofílicos e viciados em drogas. 
Uma explicação importante do especialista na época: "A AIDS não se transmite por contato social ou profissional, como dar a mão, beber no mesmo copo, fumar o mesmo cigarro, usar o mesmo banheiro, a mesma roupa, etc... ainda não temos dados de literatura que falem da transmissão através da saliva; no entanto, suspeita-se da possibilidade de contágio através de beijo prolongado com troca de saliva". Essa explicação é relevante porque muita gente,quando ouve falar de alguém que está com AIDS, começa a afastá-la de seu convívio, a manter distância e até, quem sabe, à apressar a morte de uma pessoa que necessita de carinho e amor para superar essa crise que deve abatê-la física e emocionalmente.



Se uma mulher estiver com AIDS, ela pode, durante a gestação transmitir a doença para o filho. Por isso, todas as precauções, topos os exames devem ser feitos para evitar maiores transtornos e uma transmissão em cadeia do vírus. As pessoas sãs devem tomar todas as precauções possíveis e precisam saber que a redução do número de parceiros sexuais diminui a chance de contrair a doença e também que o uso do preservativo (camisinha de vênus) é uma boa proteção durante o ato sexual. Todo o cuidado deve ser tomado em relação ao contato com pessoas diferentes e suspeitas. Os testes laboratoriais são de rotina, para triagem. O teste final, por sua vez, é bem sofisticado e no Brasil na época, só o Rio de Janeiro reúnia todas, as condições de fazê-lo: é o chamado "Wester Blot", o teste confirmatório da doença. 
A AIDS, na verdade, disse o entrevistado,"é resultado de uma infecção viral que vai destruindo o sistema imunológico do ser humano e, sendo assim, não há proteção contra outras infecções". Com a falta dessa proteção começam a surgir vários tipos de infecções no organismo, entras quais a fadiga, cansaço físico e mental, febre, suores noturnos e calafrios; perda de 13% ou mais de peso corporal (em menos de 2 meses); aparecimento de nódulos (gânglios); tosse seca e persistente, aftas na cavidade oral; impotência, diarreia, alterações neurológicas, infecções oportunistas (pneumonia, meningite, candidíase, herpes simples, etc. 




CONTROLE DA AIDS 

 A única forma de controlar a AIDS é através da educação, conforme acentuou, o Dr. Joel, relacionando, alguns itens que podem ajudar os interessados: ler e informar os amigos sobre a AIDS; usar preservativos nas relações sexuais; ter uma relação sexual estável e segura com um único parceiro ou parceira; todo o sangue a ser passado para outra pessoa deve ser testado para presença de anticorpos anti HIV, sendo que os doadores devem receber esclarecimentos dos hospitais e bancos de sangue; se você é ou conhece indivíduos viciados em drogas injetáveis, desencoraje seu uso ou oriente-os ao uso de seringas ou agulhas descartáveis (usou, joga fora); se tiver indivíduos de seu conhecimento infectados com o vírus da AIDS, explique o que souber e; se tiver dúvidas, encaminhe a pessoa para um médico-especialista.  



OS TESTES LABORATORIAIS 
 Os testes realizados nos laboratórios naquela época não detectavam a AIDS mas, sim, os anticorpos contra o HIV. A presença desses anticorpos significa que o indivíduo, em alguma oportunidade, relata o Dr. Joel, entrou em contato com o vírus. No entanto, o teste na época, não podia afirmar quando iria se desenvolver, a AIDS, pois era baseado numa técnica conhecida como "ELIZA", usada para diagnósticos laboratoriais de uma série de outras doenças. O teste final do indivíduo com o exame de triagem positivo só seria possível no Rio de Janeiro, onde havia as condições de se fazer o "WESTERN BLOT". Para alegria dos colatinenses na época , o Dr. Joel de Castro Ribeiro finalizou a entrevista informando que já haviam sido realizados uma média de 80 testes de triagem para anticorpos anti HIV em nossa cidade e todos apresentaram soros não reagentes. Isto queria dizer que não havia caso confirmatório da doença em Colatina pelo menos nos exames realizados nos laboratórios do Dr Joel, laboratórios em 1988. Certamente,foi uma boa notícia na época.
 
 
Atualização da postagem publicada pela Revista Nossa em 1988 

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