A PRIMEIRA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE COLATINA E A EVOLUÇÃO FÉRREA


A primeira estação ferroviária de Colatina, no local onde hoje se encontra a Praça Municipal,surgiu em 1906, sendo ponto de grande movimento durante a chegada do trem que trazia ou levava carga e passageiros para outras regiões. Mais tarde, em 1951, nova estação foi construída, no bairro Esplanada,e,com o desvio da ferrovia do centro da cidade,em 1976,durante o governo municipal de Paulo Stefenoni,para a região de Duas Vendinhas,a estação ferroviária passou a funcionar no Bairro Luiz Iglesias,o antigo bairro acampamento.
Segundo o livro “Engenheiro Pedro Nolasco -Homenagem”,editado pela Tipografia Gentil,de Vitória, em 1935, e cedido à Revista “Nossa”,para pesquisa,pela família de Alfeu Ribeiro de Oliveira, esta era a situação da Estrada de Ferro Vitória a Minas em 30 de dezembro de 1912:
Vale destacar que nessa ocasião havia um total de 235 Km através da região áspera e febril,cortada por grandes rios como o Manhuassu, Coité, Doce, Sassuy, Correntes, Santo Antônio e muitos outros menos caudalosos.

Foto de 1956, do acervo de Claudia Prest Mattedi.

Desde 1908, o diretor-gerente Pedro Nolasco se preocupava com o beneficiamento em grande escala do ferro extraído no Brasil. E a massa colossal de ferro das montanhas e Itabira foi o alvo da ferrovia, gerando a ideia de estabelecer alto fornos,produzir ferro e fabricar todas as ferramentas e utensílios,e tudo que outras nações faziam com este metal,exportando também minério para compensar o déficit mundial de ferro. Sendo assim, da aliança com grandes firmas bancárias e com importantes técnicos em siderurgia resultou a formação da Itabira Iron Ore Company Limited, pensando-se na construção de uma estrada de ferro da mina até o Porto de Santa Cruz, com a instalação de altos fornos e as oficinas de manufatura de ferro fazendo parte do plano. Alta empresa, digna de seu gênio,não se realizou por Nolasco ter sido mal compreendido.
A construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas veio trazer maior progresso aos vilarejos já existentes e provocou o aparecimento de muitos outros, fazendo assim um elo de ligação permanente, barato e seguro entre Espírito Santo e Minas Gerais. E, apesar dos outros meios de transporte existentes nos dias de hoje, a EFVM continua sendo importante via de integração da região, atuando ainda de forma bastante acentuada no tráfego de passageiros e cargas em toda a sua área de abrangência.

                                                             


PEDRO NOLASCO
A Estrada de Ferro Vitória a Minas nasceu da visão profunda e inteligente do engenheiro Pedro Nolasco,e da energia trepidante deste grande trabalhador resultou a sua realização.

As asperezas topográficas do estado do Espírito Santo e a agressividade das matas virgens do Vale do Rio Doce estão hoje dominadas, unicamente porque sofreram a ofensiva da vontade,sempre vencedora,de Pedro Nolasco. A Companhia lutou desde os seus primeiros dias com redução de recursos financeiros,que só lhe chegavam às mãos depois de serviços realizados. Quem administra, sabe que o dinheiro é o maior e o melhor fator de facilidades,na Vitória a Minas, porém, o fator máximo foi a inteligência luminosa e firme de Pedro Nolasco, removendo todas as dificuldades, indicando soluções, atuando pessoalmente junto aos seus auxiliares de todas as categorias,às vezes enérgico e decisivo,outras muitas bondoso,mas seguro do seu objetivo. Pedro Nolasco,na sua administração,nunca deixou sem solução imediata os problemas que surgiam a sua frente e,por isto,na Vitória a Minas nunca houve momentos de expectativa; havia uma atividade constante e firme, porque todos os que nela trabalharam confiaram na firmeza dos programas traçados.
                                                                               


Não é possível,em ligeira notícia, abordar toda a obra realizada por Pedro Nolasco, principalmente na Vitória a Minas, porque importaria no histórico completo desta estrada, onde tudo lembra o seu grande realizador, porque em tudo ele colaborou,orientando e conduzindo.

A Vitória a Minas foi a maior das preocupações do engenheiro Pedro Nolasco, que a envolveu inteira na sua imaginação,dedicando-lhe por completo o seu carinho de administrador,nos últimos momentos da moléstia que o arrebatou de nosso meio,delirava com a sua estrada e, no seu delírio, dava ordens, certo de que, talvez, ainda se dedicava à grandeza desta empresa, que hoje responde pela prosperidade de dois grandes estados e promete ser fator poderoso do progresso do nosso país.

Pedro Nolasco,nos estertores da morte,sonhando com a sua estrada,deu a impressão do General tombado em combate,dando ordens para a conquista da vitória.

A Vitória a Minas está totalmente impregnada da personalidade de seu grande realizador e disto irradiará permanentemente um fluído que nos envolverá, lembrando o grande e querido chefe, cuja memória terá a constante veneração dos que trabalharam sob a sua direção sábia

(Trecho extraído do livro "Engenheiro Pedro Nolasco - Homenagem” - editado em Vitória pela Tipografia Gentil, em 1935).

FONTE: Revista Nossa outubro/1989
Contribuição do acervo de Cláudio Wotkosky

                                                                                     






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