JOSEFA BROCCO, PIONEIRA DE 1897

Na reconstrução da História de Colatina antiga,a revista “Nossa” em 1989, não deixou de visitar dona Josefa Brocco Linhales,que nasceu em Maria Ismênia,em 25 de março de 1897,morou na rua Cassiano Castelo, no centro da cidade, e por último na Fazenda Vitalli. Seus pais foram os italianos Romano Brocco e Amábile Lavagnolli Brocco. Josefa casou-se em 1920,com Sílvio Linhales, e o ato religioso foi presidido pelo frei Isaías. O casal teve seis filhos: Adválter, Ailton, Aldis, Aurely (“Aurélia”), Aleida e Lúcio.
Dona Josefa Brocco Linhales, na presença dos repórteres da revista Nossa na época,não conseguiu lembrar de muitos fatos,talvez por sentir intimidada,mas sua filha Aurely a ajudou na reconstrução dos fatos. Antigamente,por exemplo,a região de Maria Ismênia e uma parte de Vila Lenira pertenciam a Amábile Lavagnolli Brocco e constituiram-se em área de plantio,uma perfeita roça mesmo,com muito milho,feijão,hortigranjeiros,criação de porcos e galinhas e pouco gado. O sogro de Josefa, Aurélio Linhales, participou como feitor, em 1907, da construção da estrada de ferro que passa por Colatina.
A família Brocco até hoje não sabe o seu sobrenome verdadeiro,já que o pai de Josefa,Romano,foi trazido da Itália,ainda menino,quando estourou a guerra. Romano,garoto ainda,encontrava-se à beira do cais, perdido, e, de repente, uma mulher, a “Veltia Brocca”, passou e o pegou, colo-cando-o sob a sua saia para que viajasse escondido, escapando, assim da guerra. Como não foi possível saber seu sobrenome, acabou ficando Brocco, em razão da “Velha Brocco".

                                                                  


Com a ajuda da filha, dona Josefa recorda-se que antigamente, em Colatina, nos seus tempos de mocinha, os índios existentes na região vinham para a cidade em determinadas ocasiões e andavam nus. O velho Cunha, os Vitalli e os Pagani, na sua lembrança, foram os primeiros a terem carros por aqui. Por volta de 1925, existia a bodega do Aurélio Gatti, com secos e molhados, óleo, balas, louças, etc.
Josefa diz que plantou muita roça em Maria Ismênia, ajudando a família, e chegou, inclusive, nos tempos do Vaporzinho, a fazer uma viagem de Colatina a Linhares. Lembra-se vagamente que existia um casarão em Colatina Velha e, quando jovem, sempre ia assistir às missas dominicais nesse bairro onde nosso município teve início. Com algum esforço de memória, recorda-se de moradores antigos como pessoas influentes: Coronel “Xandoca”, Dr. Albúquerque, Dr. Gama, Dr. Manhães, Dr. Nilo, o prefeito Dr. Trompowsky, o prefeito Major Anísio, Atílio Zaché, os Miranda,os amigos, de Colatina Velha, Dona Nhonhora Amorim, Raimundinho, Mesquita, Pompeu e Catarina Salvadeu. E, ainda, moradores antigos do centro de Colatina: Augustinho Borba, o padeiro Luís Saveli, Oriodante, Galimberti; de Vila Lenira: Vicente Garbini, Luís Bernardina, Emílio Pulcheri; de Mutum: o farmacêutico José Moraes e Silvino Nardi.

                                                                                         


Na Revolução de 1930, Josefa morava na rua Cassiano Castelo e viu pelo menos dois mortos serem carregados em frente a sua casa: Dr. Mafra e Braguinha. Segundo ela, ainda houve um terceiro morto, do qual não lembrava o nome. Quanto aos estudos, conta que frequentou a escola somente um dia, uma vez que, naquela ocasião, os pais não faziam muita questão que a mulher estudasse. A ajuda em casa ou na roça era mais necessária.
Quanto a Sílvio Linhales, sua filha Aurely é quem falou de seus inúmeros predicados. Nas palavras dela, ele era um “faz-de-tudo”. Silvio, na verdade era um curioso, uma pessoa muito perspicaz, interessada em todos os tipos de profissão. Daí Aleida Linhales Pretti, Elvira Linhales Fiorollo, Aurélia Linhales Vitalli e a anfitriã Josefa Brocco Linhales sua larga atividade em diversos setores da vida colatinense: era muito filantrópico, pois preocupava-se com os doentes e desabrigados das enchentes, os quais levava para sua casa, na rua Cassiano Castelo, para dar a devida assistência. Ajudou a construir a ponte “Florentino Ávidos”, transportando dormentes, como motorista, trabalhou no aldeamento de índios, em Colatina, foi funcionário da Fundação Sesp e trabalhou no “Vaporzinho”. Entendia de eletricidade, carpintaria e engenharia. Tinha, na verdade, de acordo com sua filha, uma mente privilegiada e, por isso, era peça importante em qualquer empreitada. Devido a essa brilhante capacidade, muitos o procuravam para pedir opinião e ele conseguia, assim, o respeito diante dos mais altos funcionários do Governo ou privados. Sílvio Linhales morreu em 1973, depois de muito trabalho em prol do progresso de Colatina, deixando somente boas lembranças na memória de seus filhos.

                                                                                     


Já que dona Josefa não chegou a estudar de fato, sua filha Aurely é quem cita algumas professoras do seu tempo: Dalva Scarton, leda Ferrari, Targina Ribeiro, Vanda Ribeiro, Eronita (Anita) Costa, Ângela Foleto (primeira professora de Aurely), Vivinha, Zitinha Botelho (uma das professoras mais liberais para aquela época), Júlia Jantorno, Corina Santana, pro-Jessora Brasiliense e professora Cassabi. Segundo ela, nas imediações de onde hoje está o posto de gasolina São Miguel, funcionou, durante três anos, uma escola improvisada no casarão de Aurélio Gatti, enquanto era feita uma reforma no colégio “Aristides Freire". Aurely e Dalva Scarton foram da primeira turma do projeto de criação do colégio “Conde de Linhares”.


FONTE:Revista Nossa de outubro de 1989.
Contribuição do acervo de Cláudio Wotkosky

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