ENCHENTE DE 1979 EM BAIXO GUANDU/ES

Enchente de 1979 em nossa cidade vizinha Baixo Guandu. Esta é a ponte da Mauá,antiga ponte Dr. Jones dos Santos Neves. A foto é do acervo de HERMES PIEPER

1979 - Baixo Guandu - A grande enchente - Perda e superação de uma família
(Quem relatou sobre este acontecimento na grande Enchente de 1979 foi Paulier, filho de Seu Benedito Vasconcelos. O prédio, perto da cabeça da ponte Mauá, onde funcionava o comércio e era, também, a residência da família foi levado pelas águas do rio.)
Seu Benedito, o bom aprendiz
Quando papai (Benedito Vasconcelos) tinha 17 anos de idade, ele aprendeu com o tio Júlio Anacleto a ser negociante. Tio Anacleto, que tinha o dom do comércio, colocou papai para vender produtos de alumínio e outros artigos, perto da ponte Mauá. Com o tempo papai comprou terrenos e construiu muitas casas.

O sobrado perto da ponte. Casa Rio Doce
Em um desses terrenos foi onde papai construiu, na década de 60, o prédio próximo da ponte Mauá, lado capixaba. No térreo funcionava o comércio e na parte de cima, morava com a família. Depois de muitos anos com uma vendinha na cabeça da ponte, assim começou a Casa Rio Doce.

Alteração do nível de água no leito do rio
No leito do rio as águas seguiam seu curso mais profundas, mas com a barragem construída em Mascarenhas, o nível da água do rio subiu. Até a temível Cachoeira do Raio, que ficava rio acima, desapareceu completamente. As condições técnicas de projeto da ponte Mauá sobre o rio Doce, inaugurada em 1947, foram alteradas substancialmente. Da mesma forma aconteceu com outras construções ribeirinhas.
A Enchente de 1979
Na enchente do rio Doce, o nível da água do rio cada dia subia mais, não parava de subir.
Aconteceu que no dia 03 de fevereiro de 1979 a imponente ponte Mauá não resistiu à correnteza da grande quantidade de água e desabou. Primeiro caiu a parte do arco central e logo depois foram arrastadas as duas cabeceiras da ponte.

O prédio levado pelas águas
Com o nosso prédio não foi diferente. Ele foi levado pelas águas do rio no mesmo dia.
Tudo aconteceu muito rápido para retirar as coisas. Parte da mercadoria da loja foi levada, no dia anterior, para parte de cima do prédio. Conseguimos, ainda, retirar nesse dia dois caminhões de mercadorias. Essa mercadoria foi salva e mantida nas carrocerias dos dois caminhões alugados. Por quase dois meses eles que ficaram estacionados perto da Igreja Matriz São Pedro.
Saímos com a roupa do corpo, não deu tempo para retirar mais nada.
Família Gobbo, coração grande
Uma pessoa que nos deu grande ajuda foi o Cleomar Gobbo da fábrica de sorvetes Q Joia. Ele ajudou no transporte feito no caminhão baú e nele manteve a mercadoria por quase dois meses.

Dona Beatriz, a acolhedora
Sem eira nem beira, foi Dona Beatriz Nogueira, uma pessoa amiga, quem abrigou toda a família em sua casa, por mais de dois meses. ‘Regularizada’ a situação, alugamos uma casa para morar por um ano. Depois papai comprou uma casa.
O recomeço do comércio
Naquela época o prefeito Dr. Wilson Sant’Anna cedeu as duas lojas que estavam alugadas no mercado municipal para o Arnaldo (Arnaldo Krause Belz), da loja Bandeirante (Depósito de Armarinho Bandeirante). No acordo entre eles, recomeçamos o comércio nessas lojas com a mercadoria que nos restou.
No mercado ficamos do final de março de 1979 até 1983.

Novo endereço. Irmãos Vasconcelos
Papai adquiriu o imóvel onde funcionava o SAPS (depois a COBAL), ali perto, do outro lado da rua. Por fim, nesse imóvel já bem desgastado funcionou o Bar do Português. O imóvel era dos filhos do Português.
No lugar papai construiu um prédio para o comércio e a residência da família. Nesse mesmo ano de 1979 papai se aposentou e o comércio passou para os Irmãos Vasconcelos. Em 2003 as atividades foram encerradas.


A passadinha do padre
Padre Alonso, pedindo doação para o Patronato, passava no comércio de Seu Benedito, agora, na Av. 10 de Abril, e dava uma 'paradinha' na loja.
- Seu Benedito, meus meninos precisam de arroz e açúcar.
- Passa, padre, lá no Zé Ribeiro (Supermercado São José) e pega um saco (60 kg) de cada - Seu Benedito respondia, sem pestanejar:
Assim, é o coração de Seu Benedito e, também, era da saudosa Dona Jaci.


Relato de Paulier Storch Vasconcelos, em 30/05/2020.
Fonte: facebook.com/EncontroPadreAlonso

Comentários