COMO SURGIU SÃO DOMINGOS DO NORTE

São Domingos do Norte/ES em 1950

Há 80 anos, entre Colatina e Nova Venécia, a terra era toda coberta por matas com um reino vegetal e animal exuberantes, inclusive uns poucos índios que ainda resistiam. O "Presidente" do Espírito Santo, Florentino Ávidos, mandou abrir uma picada ligando os 2 núcleos. As cachoeiras eram destacadas por uma clareira aberta na mata. Gastou-se em torno de 30 dias para completar a tarefa.
Em 1926, 5 pioneiros saíram da Cachoeira da Cobra (fugindo da febre malária do rio São José) e subiram o córrego Sabiá até onde este recebe o córrego São Gonçalo. Dali, subiram mais e vieram até a cachoeira que está logo abaixo desta cidade. Ali marcaram em um pé de palmito brejaúba a data do dia: 23 de junho de 1926. Os homens eram: Bertolo Malacarne (Colonizador autorizado peio Estado), Nelson Costa(seu sócio), Francisco Malacarne, meu pai, interessado em comprar terra), José Francisco( trabalhador com foice) e José Mesquita (agrimensor).
Em 1927 começaram a chegar os primeiros colonos. Eles se dirigiram inicialmente para onde o córrego São Gonçalo encontra o córrego Sabiá. Podemos citar Fortunato Taqueti, Sebastião Tomaz, Pedro Silvestre( vuígo Pedro "Polaco" e o índio Jozino
Oliveira (vulgo Josino "Caçador"). Interessante que este índio tinha uma espingarda e não errava um í tiro. Meü pai observou que ela tinha o cano torto. Levou para retificar em Colatina. O índio passou a errar. Levaram novamente para entortar. Ele voltou a ser o matador de caça supridor de carne fresca do grupo.
Em 1930, tio Bertolo contrata com Jozino a formação de uma lavoura de café em terras próximas ao atua! córrego do Café, que desagua no córrego São Gonçalo(ou São Domingos), no bairro chamado "Niterói", em São Domingos do Norte. A estrada que vinha de Colatina chegou por de 1933. O lugar era conhecido como "CAFÉ. Começou a formar-se o núcleo. Os lotes eram vendidos pelos Irmãos Próspero e Orlando Bortoloti, que chegaram de Coiatina naquele ano e compraram de Bertoio uma colónia na margem esquerda do córrego que passa na cidade. A estrada subiu a serra da Mula e tomou o rumo de Águia Branca. Em 1934 chegou na fazenda de José Novaes(Montes Claros) onde ficou parada até 1940. O lugar e o córrego São Gonçalo passaram a se chamar São Domingos, nome do santo entronizado na recente capeia, construída por volta de 1937 e onde foi colocada uma pequena imagem do santo, doada por meu pai.
Em 1936, segundo minha mãe, São Domingos tinha 9 barracas de palha. O lugar passou a receber habitantes que se tornariam emblemáticos na história inicial do sugar. Podemos citar: Os irmãos Bortoioti(já estavam aqui desde 1933), Henrique Rodrigues Santana, José Mesquita, Manoel Ezequiei, Ciério de Alcântara Espínduia e Fioravante Giuberti. E as
lavouras de café se multiplicavam na colónias recém abertas nas vizinhanças.
O primeiro transporte coletivo para Colatina foi feito com um caminhão adaptado para "pau-de-arara" peio motorista Arveio Salaroli, que morava em MarilândIa. Em 1943, Fioravanti Giuterti botou um ônibus que fazia o trajeto Coiatina-Sâo Domingos-Aguia Branca. Estava batizada a grande empresa de transporte coletivo nascida no norte do Estado, a Águia Branca
Podemos e devemos fechar este rápido apanhado histórico com chave de ouro. Foi a criação da primeira escola de São Domingos. Antes da escola, eram dadas aulas particulares peio Domício Falcão, o "Avico-", que era dono de uma pensão por volta de 1936. A escola funcionava na primitiva capela feita pelos pioneiros, que ficava ao lado da atual igreja católica, A professora vinha de Colatina e se chamava Maria José Ferrari. No ano de 1946, a escola estava em prédio novo, localizado onde hoje está o INCAPER. Ali, minhas professoras, entre 1949 e 1952, foram, peia ordem, Nila Romaneli, Ana Maria Scherrer, Eivira Lorencini de Almeida e Aciolina Simões Espínduia. São Domingos do Norte tem, desde seu nascimento, um profundo elo com a educação.

Fonte:Altair Malacarne-23.03.2005, 24.03 e 06.09.2014 (Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo)

Comentários