Em 1949, chegou meu 1° dia de aula.
Me lavei na água do córrego da Mula, botei a melhor roupa, peguei a bolsa de pano com um lápis e uma cartilha(comprada na venda do Atílio Colnago) e lá fomos eu e meu irmão Chiquim pro Grupo Escolar na rua de São Domingos (do Norte). Descalços, andamos um bom pedaço de chão, juntamente com as meninas da velha Peroni.
Quanto menino. Tudo estranho. Não conseguíamos nem conversar. A escola ficava onde é hoje o Incaper. Mas, às 7.00h, formamos uma fila dupla. Cantamos o Hino Nacional e entramos em silêncio.
Lá dentro, vi minha 1ª professora: Da. Nila Romanelli, de Fundão(ES). Ela logo passou a ensinar o ASA/EMA. num quadro de madeira. Falou que teriamos de arrumar um caderno de caligrafia. Deu vontade mijar. Com muita vergonha, pedi pra ir no quartim. Pela 1ª vez, vi um vaso sanitário.
Veio o recreio. Começamos a nos conhecer. Foi meia hora de folga. Depois voltamos pra sala. Já surgiram algumas conversinhas. Mais lições da cartilha. Olhávamos as letras e ficávamos pensando se um dia conseguiríamos copiá-las.
Chegou o final da aula. Em silêncio, saí daquele prédio novo e bonito como se estivesse saindo de uma igreja. Voltei pra barra do córrego da Mula. Voltei pra roça. Naquele dia eu tinha tido meu primeiro contato com as letras. Letras que mudariam por completo o rumo da minha vida. Que se tornou bem mais útil e agradável; como diz a Malala Yousafzai: ‘uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo.’
Meu primeiro emprego foi dar aula pro Curso de Admissão no ginásio criado pelo Dr. Renato Pacheco em Conceição da Barra(ES), no ano de 1959; Professor, o trabalhador a quem se curva o imperador do Japão; continuo dando aula.
ALTAIR MALACARNE /SGP, 27.06.2007 e 14.10.2014
1º DIA DE AULA.
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